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O que é agrotech: quando o agronegócio fica tecnológico

19 de October de 2020
O que é agrotech: quando o agronegócio fica tecnológico<

Neste artigo, você vai descobrir o que é agrotech, exemplos, vantagens para o setor rural e as principais startups do ramo no Brasil.

Primeiro, vamos ao conceito de agronegócio: segundo dados do Brasil Escola, é um termo que se refere ao contexto da produção agropecuária, incluindo todos os serviços, técnicas e equipamentos a ela relacionados, direta ou indiretamente. 

O Brasil é referência em exportação, pois apresenta qualidade e segurança na produção. Condição importante para geração de renda, empregos e promoção do desenvolvimento econômico do país, segundo dados recentes do R7.

O agrotech é a revolução digital aplicada ao agronegócio. São startups que criam soluções de alta tecnologia para produtores rurais otimizarem o trabalho e tornar plantações e rebanhos mais eficientes. 

O que é agrotech

Esqueça aquele imaginário antiquado de fazendas: um lugar tranquilo e distante onde a tecnologia não chega. Agora pense em uma rede de fazendas conectadas com robôs, drones, sensores de alta tecnologia, prontos para otimizar a produtividade das plantações e com inteligência artificial aplicada aos rebanhos. 

Segundo dados da AgTechGarage, o maior levantamento de startups do agronegócio no Brasil, de uma estimativa de pouco mais de 300 startups, 184 participaram do censo que teve como objetivo reunir e organizar informações que suportem a criação de iniciativas de fomento ao ecossistema.

São avaliados critérios como atração de investimentos, sensibilização dos produtores rurais, programas corporativos de inovação aberta, definição de políticas públicas entre outras.

Veja o gráfico a seguir de onde estão essas startups pelo Brasil:

O que é agrotech?
  Fonte: Agtechgarage

A concentração dessas startups está no estado de São Paulo (46%), seguida por Minas Gerais (16%) e Paraná (12%). 

Veja os principais polos de atuação dessas startups:

O que é agrotech?
  Fonte: Agtechgarage

 

Mercado de atuação das agrotechs

Agora que você já sabe o que é agrotech, é hora de entender como é o mercado de atuação desse tipo de startup.

As principais áreas de atuação são IoT (Internet of Things), softwares de gestão agrícola e agricultura de precisão. Porém, também há startups focadas em consultoria, educação, segurança alimentar, robótica e produtos agropecuários, segundo dados do Conta Azul.

Segundo a Embrapa, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, ficando atrás apenas dos EUA. Na safra 2016/2017, a cultura ocupou uma área de 33,89 milhões de hectares, o que totalizou uma produção de 113,92 milhões de toneladas. A produtividade média da soja brasileira foi de 3.362 kg por hectare. E é para onde as startups do agronegócio, as agrotechs, mais investem atualmente. 

Deixando em segundo lugar a produção de milho, que somado à de soja, contribui com cerca de 80% da produção de grãos (Embrapa). O milho teve exponencial evolução como cultura comercial apresentando nas últimas décadas, taxas de crescimento da produção de 3,0% ao ano e da área cultivada de 0,4% ao ano.

Veja os principais mercados de atuação das agrotechs:

O que é agrotech?
Fonte: Agtechgarage

Dados do artigo “O Impacto das Startups do Agronegócio (Agrotechs) no Mercado Brasileiro” comprovam que o setor do agronegócio tem sido um grande mercado para as startups. Representante de 20% do PIB do país e responsável por 50% das exportações, o agronegócio hoje pode ser considerado o setor mais importante da economia brasileira.

Dado o seu tamanho e a posição estratégica que possui, a probabilidade de obter um crescimento considerável neste nicho é alta. Essas startups auxiliam o agricultor em todas as etapas do seu ciclo de produção, partindo do plantio até a logística de entrega do produto final.

Leia também: Dicas de liderança remota: 5 passos para alcançar o sucesso no home office 

Vantagens das agrotechs

Segundo o artigo “Agrotecnologia: um modelo digital para monitorar o solo e as plantações usando a Internet das coisas” as principais atividades desse modelo de negócio consistem em sensores responsáveis por monitorar:

  • Umidade do solo
  • Nível de pH
  • Temperatura
  • Umidade
  • Resistência e dependência de luz
  • Os níveis de água

São sensores que combinam coletivamente as informações analisadas para aumentar o rendimento da produção agrícola. 

Com base no valor limite do sensor de umidade do solo, o sensor aciona o motor ou o aspersor de irrigação para mitigar (intervenções visando reduzir ou remediar os impactos ambientais nocivos da atividade humana) o impacto da escassez de água pelo monitoramento do sensor de nível de água no tanque e também o de temperatura.

Assim, informações essenciais sobre solo, cultura e outros fatores ambientais serão enviadas e atualizadas aos agricultores por meio de nossa metodologia de sistema proposta. 

Agrotechs no Brasil

Dados de maio de 2019 da revista IstoÉ Dinheiro, destacaram que no Brasil cerca de R$ 100 milhões são investidos pelas agrotechs por ano e são capazes de oferecer ao produtor qualquer tipo de serviço. 

Apesar de ser um negócio que tem crescido no país, Guilherme Raucci, responsável pela área de novos negócios da Agrosmart, avalia que não há mais área disponível para grandes expansões de produção e a mão de obra é cada vez mais escassa no setor. 

Salienta que os dados não são integrados e, no Brasil, apenas 14% das propriedades rurais têm conectividade.

O blog Canal Rural, especializado na cobertura do agronegócio, apontou como “nosso Vale do Silício” o hub de inovação de Piracicaba, no estado de São Paulo. Dados da Associação de Startups dão conta de mais de 1.000 startups no país dedicadas ao agronegócio.

Cristiane Sutil, business developer da fintech Culte, ressaltou para o blog, a variedade de aplicações de blockchain: “Tudo isso é possível através da ferramenta de rastreabilidade em blockchain, que visa trazer transparência nos processos que ocorrem do campo à mesa”.

Principais agrotechs no Brasil

Depois de entender o que é agrotech e quais são as suas vantagens, vamos conhecer as principais agrotechs no Brasil.

Solinftec

O que é agrotech?
Fonte: Solinftec

A Solinftec promete não apenas coletar dados, mas também resolver problemas em tempo real. Prometem aumentar a eficiência de seus clientes em até 30%. 

Fundada por um grupo de engenheiros cubanos em 2007, a Solinftec é uma empresa brasileira de monitoramento e gestão de propriedades rurais. Começou com serviços de telemetria para o setor de cana-de-açúcar no estado de São Paulo.

Em entrevista ao Canal Agro, do Estadão, o CEO da startup, Rodrigo Iafelice, apontou que hoje, a empresa tem diversas ferramentas, entre elas o certificado digital cana-de-açúcar, que faz o rastreamento para a certificação da origem, e o Fila Única de Transbordo (FUT), um sistema que utiliza algoritmos e sensores para otimizar o uso dos equipamentos durante a colheita. 

Essas soluções fizeram a Solinftec crescer rápido – já está presente em 11 países – e a chegar a lugares onde não havia internet.

Agrosmart

O que é agrotech?
Fonte: Agrosmart

Fundada por filhos de produtores rurais que acompanhavam de perto os desafios do dia a dia no campo, a Agrosmart surgiu com o objetivo de melhorar a forma como decisões são tomadas na agricultura, trocando a intuição pela certeza. 

Prometem tecnologia de ponta dos Estados Unidos e Israel para trazer maior controle, praticidade e rentabilidade na operação das fazendas.

Principais promessa da Agrosmart:

  • Fazenda totalmente conectada: coleta de dados de forma automática direto da lavoura, mesmo em áreas sem sinal de internet ou celular;
  • Informação confiável e acessível;
  • Relatórios de acompanhamento semanal de especialistas, relatórios mensais e ao término da safra para entender o desempenho da produção e condições monitoradas.

Confira o infográfico a seguir montado pela empresa, esquematizando na prática os benefícios de utilizar uma startup dentro do agronegócio:

O que é agrotech?
Fonte: Agrosmart.

BovControl

o que é agrotech
Fonte: BovControl

A BovControl está focada em como acontece a gestão das fazendas. Confira os principais focos da startup:

  • Ecossistema BovControl: é possível coletar dados a campo através do aplicativo BovControl para smartphones. Depois, basta analisar resultados no painel de controle e tomar as melhores decisões.
  • Painel de controle: a sala de comando da fazenda fica no computador, onde quer que esteja. É possível acompanhar online tudo que acontece no campo.
  • Coleta e análise de dados: anotações em papel e caneta são coisa do passado. Dados de animais não se perdem, nem se rasgam.

Leia também: Conheça 5 tipos de treinamento para empresas.

Sygenta Digital

o que é agrotech
Fonte: Por Dentro do Agro

A plataforma Cropwise, utilizada pela Syngenta Digital, une tecnologia e inovação a ferramentas que solucionam os desafios enfrentados diariamente pelo produtor brasileiro na sua operação. A partir de softwares que usam inteligência artificial para tornar a gestão e a produção mais eficazes, o usuário pode potencializar seus rendimentos.

Principais promessas:

  • O usuário no controle da lavoura;
  • Agilidade na tomada de decisões;
  • Monitoria da saúde da lavoura de onde estiver.
  • Acompanhar o vigor das plantas por meio de imagens de satélites, aviões, drones ou outras fontes;
  • Possibilidade de uso otimizado de insumos por meio de mapas para aplicação localizada – com ou sem taxa variável – nas áreas necessitadas;
  • Ter visão periódica de toda a fazenda para agir com rapidez contra um problema e garantir mais produtividade;
  •  Criar zonas de manejo de forma rápida e inteligente.

De acordo com a Syngenta, já transformaram mais de 4 milhões de hectares pelo mundo.

Futuro das agrotechs

Uma pesquisa de mercado do SiliconVal.ly Institute, publicada pela Feed & Food chegou a sete tendências que estão sendo priorizadas no Brasil no ano de 2020:

  1. Robôs: o avanço nessa área já está permitindo o surgimento de máquinas capazes de executar tarefas sem orientação humana direta. Já existem robôs projetados para executar trabalhos complexos como: povoar o campo, monitorar o desenvolvimento de lavouras e criações, medir performance e detectar qualquer deficiência da sua safra.
  2. Rastreio: agora os consumidores querem saber de onde vem a comida. O Kakaxi, por exemplo, é um dispositivo de monitoramento de fazendas movido a energia solar. Utiliza tecnologia de sensor para capturar e transmitir dados meteorológicos precisos. 
  3. Sensores: plataformas como o Trapview servem para o monitoramento e previsão de pragas, permitindo a coleta confiável de dados de monitoramento de pragas. Também fornece indicações quase em tempo real de ocorrências de pragas, permitindo que os produtores respondam com sucesso a situações no campo. 
  4. Sistemas autônomos: os drones se tornaram ferramentas muito úteis no gerenciamento de uma fazenda. O Kray Protection, por exemplo, funciona como um pulverizador de colheita por drone digital e fornece fertilizantes e pesticidas sob demanda diretamente nos campos.
  5. Gestão de fazenda: como vimos acima, é possível gerenciar o cultivo, plantio, proteção de culturas, fertilização, irrigação, colheita e todas as outras atividades.
  6. Biotecnologia: desenvolvimento de  soluções para ajudar os produtores a aumentarem sua rentabilidade, produzirem de forma mais sustentável e contribuir com uma alimentação mais saudável para o consumidor final, usando microbiologia natural e tecnologias digitais.
  7. Fazenda da próxima geração: para abordar as ineficiências operacionais e de distribuição da agricultura, tem havido uma tendência recente de descentralização e urbanização de fazendas tradicionais.

Veja também a palestra sobre as tendências do agronegócio, inovação e agrotech de Beia Carvalho, palestrante futurista, no SAP Fórum de 2018:

https://www.youtube.com/watch?v=UzYSvoxyk6A
  • Leia mais: conheça a Traive, uma das 10 melhores fintechs do Brasil, fintech especializada em crédito e empréstimos para a produção agrícola. 

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