Economia

O que é bolha das Fintechs? Ela realmente existe ou é uma previsão?

16 de July de 2023
O que é bolha das Fintechs? Ela realmente existe ou é uma previsão?<

Será que estamos perto de estourar a bolha das fintechs, que tanto amedronta o mercado?

Infelizmente, muitos pesquisadores e economistas acreditam que estamos vivendo uma “bolha da Internet” atualizada. Afinal, tal qual as empresas “pontocom”, as fintechs se popularizaram de forma assustadora. As startups financeiras, no entanto, se popularizaram logo após a grave crise econômica, em 2008, com a falência do Lehman Brothers. Elas surgiram como uma âncora e possibilidade de acesso a serviços financeiros com muito mais facilidade e agilidade.

Essa promessa, é claro, encontrou um terreno fértil e se tornou cada vez mais relevante no mercado mundial. Tanto que atraiu a atenção de investidores de peso. De acordo com o relatório “2021 Global Fintech Rankings”, a quantidade de fintechs unicórnios aumentou em mais de 50% se comparado ao ano de 2020.

O crescimento dos investimentos é ainda mais surpreendente, de US $199 bilhões passou  para US $440 bilhões, em 2021. Isso é bom, certo?

Sim, é um sinal de que as fintechs estão se tornando cada vez mais populares, globalizadas e relevantes para o mercado financeiro. Porém, alguns economistas estão questionando a existência de uma bolha das fintechs. Vamos entender melhor como funciona uma bolha especulativa e porque existe essa preocupação?

O que é a bolha das Fintechs?

Pense em uma bolha de sabão, duas características importantes: elas podem crescer rapidamente e estouram com um simples toque. Exatamente como as bolhas especulativas, por isso o termo.

Bolhas financeiras, ou econômicas, existem em um contexto no qual o valor de mercado do ativo, setor, ou até mesmo da economia, se distancia do seu valor intrínseco. Isso costuma ocorrer de forma não natural, por isso também chamamos de especulativa.

Essas bolhas podem ser causadas por tendências, comportamentos em massa e efeito manada. Um movimento relevante e uma empresa, sem qualquer valor, pode ver suas ações na bolsa disparando, a ponto dos mais experientes investidores se interessarem.

Essa “crença no aumento do valor” pode crescer a tal ponto que a especulação não se sustenta mais e rompe. Por isso falamos em estouro da bolha das fintechs, ou de qualquer outra área econômica. 

Dependendo da importância do setor, na economia do país, ou do mundo, uma bolha pode ser extremamente prejudicial. Como foi a crise de 1929, por exemplo, ou a bolha imobiliária de 2008, que teve “marolas” realmente devastadoras em boa parte do globo!

Não deixe de ler: Crescimento das fintechs brasileiras: veja a evolução das startups financeiras no país.

Por que surgiu esse questionamento?

Uma das críticas ao modelo de negócios da fintechs é que existem muitos planos de negócio e poucas empresas com ganhos reais. A preocupação, portanto, em relação a uma possível bolha das fintechs, é a rápida – e desenfreada – valorização de ativos digitais, grandes investimentos e pesquisas pouco aprofundadas.

Ou seja, temos investidores, realmente, interessados em apostar altas quantias nesse novo modelo de negócio, mas, ao analisar a consistência das fintechs, percebe-se uma superficialidade. Algumas empresas, por exemplo, são avaliadas em bilhões de reais no mercado de ações, mas, na prática, apresentavam perdas e prejuízos constantes. 

Mas, aparentemente, parece não haver um interesse real na geração de valor. Despertando, assim, o questionamento de que estamos apoiando a economia em uma base fraca, sem qualquer sustentação.

Isso, a longo prazo, pode ser extremamente prejudicial, principalmente se pensarmos no espaço que as fintechs vem tomando. Quanto maior o afastamento entre o valor de mercado e o valor intrínseco, maior – e mais sensível – se torna essa bolha.

Esse cenário nos lembra – e muito – a Bolha da Internet, dos anos 90, não é mesmo? E, coincidentemente, naquela época também falávamos de empresas inovadoras, com pouco ou quase nenhum histórico.Tal qual as fintechs!

De acordo com o professor Gilson Schwartz, economista da Universidade de São Paulo (USP), o boom das fintechs acabou afrouxando o controle do sistema financeiro. Isso, claro, abriu espaço para especulação e, inclusive, lavagem de dinheiro. 

Unimos, portanto, o distanciamento entre o valor real e o de mercado, com investidores incentivados pelo buzz das fintechs, elasticidade das regulamentações, falta de bagagem e ativos digitais. As chances de surgir uma bolha das fintechs é realmente alta, não é mesmo?

Bom, antes de prosseguirmos, você sabe a diferença entre valor de mercado e valor intrínseco? Não? Essa informação é fundamental para entendermos a vulnerabilidade desse cenário. Então, vamos analisar abaixo:

Valor de mercado X Valor intrínseco

fintech bolha

O valor intrínseco de um ativo está relacionado à capacidade real que uma empresa tem em gerar fluxos de caixa futuros. Esse valor está diretamente ligado a questões macroeconômicas, como juros e inflação, e a micros, como dados internos. 

Por outro lado, o valor de mercado é determinado pela sociedade. Ou seja, os indivíduos determinam qual o valor daquele ativo. Essa decisão pode estar relacionada a tendências internacionais, ações, ou movimentos especulatórios. 

Você consegue notar que o valor de mercado possui variáveis extremamente flutuantes, que podem se alterar sem qualquer embasamento palpável? É exatamente esse contexto que alimentou as dúvidas sobre uma possível bolha das fintechs.

É possível o mercado se proteger de uma bolha especulativa?

Infelizmente, evitar inflar ou estourar a bolha das fintechs deve ser um movimento da sociedade. Afinal, é exatamente assim que ela surge, não é mesmo? A bolha das fintechs, de acordo com a reportagem do jornal da USP, já citada acima: é uma aposta especulativa onde as instituições poderão sobressair regulações e privilégios do “status quo” financeiro global.

Isso quer dizer que, apesar de não ser nada interessante para a democratização do acesso a ativos digitais, precisamos buscar por regulamentações mais específicas e voltadas única e exclusivamente para monitorar essas transações.

A sociedade tende a linkar a legislação como um movimento de boicote ou censura. Mas, na verdade, quando deixamos de regulamentar algumas atividades, as consequências e penalizações passam a ser elásticas. Isso, naturalmente, coloca as empresas em um local de desconfiança e o usuário em uma posição muito mais frágil e volúvel.

Gostou de saber um pouco mais sobre a bolha das fintechs? O que você acha dessa possibilidade? Não deixe de compartilhar sua opinião, aqui nos comentários!  Ah! E assine a newsletter da Fintech, para não perder nenhum conteúdo sobre o mercado financeiro, criptomoedas e as principais novidades do setor!